Petrolatos em Cosméticos: O que São? Fazem Mal?

O petrolato é uma substância mineral derivada do petróleo cru, composta de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio). Após passar pela desparafinação (retirada de parafina), ele se transforma em um material gelatinoso incolor ou amarelado que dá origem a elementos com textura de óleo, insolúveis em água.

A principal característica do petrolato é formar um filme na superfície onde é aplicado, bloqueando a entrada de água e evitando a perda da umidade por evaporação. Além disso, quando utilizado como ingrediente, ele faz com que os produtos fiquem mais viscosos (consistentes) e com aspecto brilhante.

Devido o seu baixo custo, os petrolatos são bastante aplicados no ramo industrial, utilizados na produção de medicamentos e de alguns cosméticos. Nos cosméticos para pele e cabelo, petrolatos são utilizados como emoliente, já que deixam o produto com textura mais gordurosa e fácil de espalhar.

Os petrolatos podem ter diversas funções e, em geral, eles dão aos fios um toque mais sedoso e um aspecto brilhante. Eles também são usados como emolientes, ajudando a condicionar e desembaraçar os fios. Veja abaixo como os petrolatos agem em cada tipo de cosmético capilar:

• Shampoo: o petrolato forma uma camada protetora que lubrifica e protege a fibra capilar da fricção e ressecamento causados durante a limpeza.
• Condicionador: cria efeito emoliente, que deixa os fios condicionados e fáceis de desembaraçar.
• Máscara de tratamento: auxilia na hidratação, dando sensação de maciez e formando uma camada lipídica que reveste os fios e impede a perda de umidade por evaporação.
• Cremes de pentear: facilita o desembarace e promove brilho, já que forma no fio uma camada plástica que reflete melhor a luz.
• Relaxamentos e tinturas: ajuda a proteger o couro cabeludo das agressões que essas químicas causam.

É importante destacar que os petrolatos não são agentes hidratantes: eles apenas evitam que os fios percam a hidratação natural. Porém, eles podem dificultar a absorção de nutrientes pelos fios. E quando se acumulam no couro cabeludo, podem causar o entupimento dos folículos pilosos.

O uso do petrolato é seguro desde que o ingrediente seja refinado de maneira correta. Isso porque, no refinamento, os petrolatos podem ser contaminados por Hidrocarbonetos Aromáticos Policíclicos (HAPs) suspeitos de causar câncer, segundo o IARC (International Agency for Research on Cancer).

Infelizmente, não são todos os países que requisitam comprovação de segurança no processo de refinamento do petrolato. Países como Brasil e EUA não contam com uma legislação para isso, mas algumas fabricantes usam o selo "white petrolatum", que indica que o material foi refinado de forma segura.

Durante anos, uma polêmica popularizou o mito de que o óleo mineral (petrolato) seria muito comedogênico, podendo causar cravos, espinhas e acne. No entanto, estudos recentes comprovaram que o índice comedogênico do petrolato é baixo!

Porém, cada pessoa possui características particulares, podendo reagir de forma diferente às substâncias contidas nos cosméticos. Então o melhor a fazer é observar como o seu corpo reage a cosméticos que possuem petrolatos na composição.

Os petrolatos não são biodegradáveis nem solúveis em água. Portanto, ao serem descartados, podem entrar em contato com o ambiente pluvial e marinho, causando impacto na vida dos animais e algas que ali se encontram. Além disso, ele possui alta impregnação nos solos.

Por serem densos em relação à água, os petrolatos formam uma barreira impermeável entre ela e a atmosfera. Assim, impedem que o plâncton realize as trocas gasosas de oxigênio com o ar de forma saudável, afetando de forma negativa esses organismos.

Além disso, por se tratar de um componente mineral derivado do petróleo, a extração da matéria-prima do petrolato pode causar um grande problema ambiental. Especialmente quando a perfuração é feita em regiões oceânicas, pois podem ocorrer vazamentos que arriscam a vida marinha.

Para identificar os petrolatos nos cosméticos o jeito mais eficiente é lendo os rótulos. Porém, esses ingredientes podem se apresentar com diversos nomes diferentes. Então, se você decidiu excluir os petrolatos da sua rotina, verifique se a composição do produto conta com algum dos seguintes nomes:

• Mineral Oil
• Paraffin
• Paraffinum Liquidum
• Petrolatum
• Red Petrolatum
• C7-8 Isoparaffin
• C8-9 Isoparaffin
• C9-13 Isoparaffin
• C9-14 Isoparaffin
• C9-16 Isoparaffin
• C10-13 Isoparaffin
• C10-11 Isoparaffin
• C12-20 Isoparaffin
• C13-14 Isoparaffin
• C13-16 Isoparaffin
• C15-35 Isoparaffin/Isoalkylcycloalkanes
• C18-50 Isoparaffin
• C18-70 Isoparaffin
• C20-40 Isoparaffin
• Chlorinated paraffin
• Beta-Methyl-Cyclododecaneethanol
• Diisocetyl dodecanediodate
• Dioctyldodecyl dodecanediodate
• Dodecane
• Dodecanediocid Acid
• Dodecanediocid Acid/ Cetearyl Alcohol/ Glycol Copolymer
• Dodecanenitrile
• Epoxycyclododecane
• Ethylene Dodecanediodate
• Isododecane
• Methoxycyclododecane
• Tetramethyl-5-oxatricyclododecane

Os quatro primeiros dessa lista são os mais comuns de se encontrar nas fórmulas dos cosméticos. A maioria deles, pode aparecer entre os ingredientes dos shampoos, máscaras, condicionadores e cremes para pentear. Mas também podem estar presentes nos batons, lápis, sombras e pomadas corporais.

Depende. A glicerina (glicerol) pode ser um petrolato quando sua origem for sintética, já que pode ser feita a partir do petróleo. Essa substância líquida, incolor e viscosa é um ingrediente bastante versátil, podendo ser utilizada nas indústrias química, farmacêutica, cosmética e até alimentícia.

Porém, na indústria cosmética é mais comum o uso da glicerina de origem vegetal ou animal (bi-destilada). Por ser um componente atóxico e que não irrita a pele, a glicerina é muito utilizada como emoliente, e está presente em shampoos, condicionadores, sabonetes, hidratantes, maquiagens, e outros.

Se você pretende excluir os petrolatos da sua rotina de higiene e beleza, veja nossos artigos sobre shampoos orgânicos, Low Poo e No Poo! Neles você vai encontrar informações sobre como cuidar dos cabelos utilizando produtos sem essas e outras substâncias. Clique nos links abaixo e confira!

Aqui você viu que, apesar de serem rodeados de polêmicas, os petrolatos não são vilões para a pele e os cabelos. Mesmo não sendo hidratantes, esses ingredientes são ótimos emolientes, e protegem a fibra capilar. Mas é melhor evitar o uso contínuo, pois o petrolato pode acumular no couro cabeludo!

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Redação: Joseane Cerqueira / Revisão: Bruna Oliveira