Feminismo: 9 Livros Importantes Para Entender o Movimento

A Criação do Patriarcado é um livro essencial, e uma excelente porta de entrada para mulheres que tiveram nenhum ou muito pouco contato com a teoria feminista.

A autora Gerda Lerner (1920-2013), uma historiadora estadunidense, desenvolveu toda a pesquisa que deu origem ao livro ao longo de cerca de 30 anos. Na obra ela nos conta como se deu a criação e o estabelecimento do que hoje chamamos de patriarcado, durante um período de aproximadamente 2500 anos. 

Abordando a organização das sociedades desde o período Neolítico, Lerner vai nos mostrar como foi construído o lugar social de subordinação das mulheres. 

Ela explica como as mulheres foram deixando de ser vistas como seres humanos para serem uma mercadoria estratégica nos acordos entre as comunidades mais primitivas – por causa da sua capacidade reprodutiva –, e como esse papel social foi se articulando, até explicar os dias atuais.

Patriarcado e Acumulação em Escala Mundial, de Maria Mies, é o livro ideal para aprofundar os conhecimentos sobre a posição social e econômica da mulher, com base na estratificação e exploração reprodutiva.


A publicação desse livro é extremamente recente e contou com os esforços de muitas mulheres feministas para traduzi-lo e lançá-lo. Maria Mies, a autora, é uma socióloga alemã reconhecida internacionalmente pela publicação de livros sobre feminismo e ecofeminismo.

O livro vem prefaciado por ninguém menos que Silvia Federici (filósofa e ativista feminina) e aborda o lugar de exploração da mulher na divisão internacional do trabalho, e como isso se articula com uma divisão sexual do trabalho. 

Retomando um panorama histórico marcado pela violência masculina em função da exploração de mulheres e da natureza, o livro relaciona sociedades de caçadores/coletores com o desenvolvimento do capitalismo e do colonialismo.

O Contrato Sexual é um livro que nos faz refletir sobre a verdadeira natureza dos contratos e pactos sociais organizados ao longo da história.


A autora, Carole Pateman, é uma cientista política inglesa, muito conhecida por sua contribuição à teoria democrática e à teoria política feminista. 

Neste livro, ela explora a relação entre a ideia de contrato e o patriarcado, e demonstra como a ideia de Contrato Social, onde homens livremente compactuariam para a organização da sociedade, só foi possível de ser organizado por ser precedido por um Contrato Sexual baseado na subordinação das mulheres.

Muito atual, o livro nos faz refletir, entre outras coisas, sobre as condições do casamento, sobre a exploração do trabalho doméstico e qual a verdadeira função da esposa na organização da sociedade.

Adrienne Rich (1929 - 2012) foi uma feminista americana, lésbica, aclamada ativista, poeta, professora e escritora. Neste livro, temos alguns dos seus textos mais potentes. Eles trazem reflexões instigantes sobre feminismo, amor, sexualidade e organização política.


Em Heterossexualidade Compulsória e Existência Lésbica ela propõe a ideia da heterossexualidade como uma instituição política construída para garantir o poder sexual dos homens sobre as mulheres, retirando seu poder de construir livremente sua própria sexualidade.

A síndrome de Estocolmo é uma condição psíquica onde a vítima de agressão desenvolve uma ligação sentimental com seu abusador. 

Partindo dessa premissa, o livro Amar para Sobreviver analisa o comportamento feminino buscando entender as seguintes questões: se a violência masculina contra mulheres é um fato estatisticamente comprovado a ponto de relacionar-se com homens poder ser considerado uma atividade de risco, por que mulheres continuam a amar os homens? Por que não se protegem?

O livro é escrito por Dee L. R. Graham e Edna I. Rawlings, professoras eméritas de Psicologia da Universidade de Cincinnati e por Roberta K. Rigsby, doutora em Literatura Inglesa e Psicologia. 

Através da análise de experimentos psicológicos, as autoras explicam a lógica por trás dos comportamentos femininos. Um livro revolucionário para a maneira como encaramos os relacionamentos com homens.

O Mito da Beleza, de Naomi Wolf, é um livro muito importante para demonstrar como mulheres são condicionadas a perseguir um determinado ideal estético, completamente artificial, definido por homens e pela indústria, e como os desejos e expectativas femininos são manipulados de forma a desviar mulheres da busca por sua autonomia política e social.

A autora, Naomi Wolf (1962), é uma jornalista, feminista e escritora estadunidense. Seu livro é considerado um dos mais importantes da sua geração. De fato, o Mito da Beleza traz questionamentos e perspectivas muito provocadoras que desconstroem muitos dos condicionamentos que meninas e mulheres sofrem.

Este é um livro muito importante para pensar questões sobre a exploração sexual feminina, sem julgamentos morais, sob a perspectiva do lugar de subordinação da mulher no patriarcado. 

O livro é fruto das pesquisas acadêmicas da autora, a pesquisadora brasileira Raísa D. Ribeiro, e traz um panorama muito bem delineado sobre a discursividade contida na pornografia e o quanto isso pode ser influenciador de comportamentos e considerado discurso de ódio contra as mulheres.

A autora parte da perspectiva de um importante marco teórico feminista cunhado nos anos 70, que é o abolicionismo, ou movimento antipornografia, que conta com eminentes figuras como Catherine MacKinnon e Andrea Dworkin. 

O livro só está disponível na versão de e-book, é produção de uma mulher pesquisadora brasileira, e é fundamental para nos dar perspectiva sobre a indústria da exploração sexual de mulheres.

Audre Lorde (1934-1992) é uma das mais importantes pensadoras feministas do nosso tempo. Escritora, poetisa, ativista, negra, lésbica, mãe. Seus escritos apresentam uma análise bastante completa da experiência de ser mulher na nossa sociedade, principalmente levando em conta os atravessamentos de raça e sexualidade. 

Em Irmã Outsider vamos ler uma série de ensaios da autora que abordam inúmeros temas relevantes para a experiência feminina e feminista, sempre com um chamado pungente à ação e ao enfrentamento das opressões que nos tocam.

Como mulher negra, a autora vai apresentando reflexões muito acuradas, a partir das suas vivências, e fazendo críticas muito pertinentes à construção de um movimento de libertação de mulheres que seja para todas as mulheres.

A Criação da Consciência Feminista é uma continuação do livro A Criação do Patriarcado, onde a autora Gerda Lerner, historiadora americana, nos mostra o percurso da resistência feminina à opressão patriarcal.

A tese, muito bem sustentada por Lerner, é que mulheres nunca foram seres passivos no processo histórico e que sempre encontraram formas de resistir aos avanços da dominação masculina. 

Este livro conta 1200 anos de história das mulheres, visibilizando inúmeras figuras históricas femininas que foram obscurecidas apenas por serem mulheres. O livro nos enche de esperança e lições sobre como devemos e podemos nos manter em luta contra o patriarcado.