Virginia Woolf: 10 Livros da Autora que Você Precisa Conhecer

Se você nunca leu nada de Virginia Woolf, esta coletânea pode ser uma ótima porta de entrada. O tema central de todos os textos deste livro é o papel da mulher na sociedade da época, e chega a ser assustador ver o quanto ainda precisamos melhorar como sociedade, já que quase um século se passou e algumas coisas ainda continuam iguais. 

Nestes ensaios, artigos e resenhas, Virginia discorre sobre as lutas da mulher para conseguir seu lugar ao sol em comparação ao homem, faz um recorte de classes em alguns casos, e nos propõe pensamentos à frente de seu tempo. 

Destaque para os artigos “Profissões para mulheres” e “Posição intelectual das mulheres”. Leitura rápida e importantíssima!

Quer começar por ficção? Talvez Ao farol seja uma opção boa para você. Aqui, a técnica de fluxo de consciência da autora foi escrita de forma a agradar não apenas quem já está acostumado a ela, como também leitores que ainda estão adentrando no conceito. 

Com um enredo introspectivo e até mesmo simples, temos um olhar sobre o quanto nossos pensamentos são diferentes do que realmente dizemos e o quanto algumas decisões na vida não têm de ser tomadas só porque a sociedade pede que assim seja. 

A edição que reli recentemente foi essa lindeza da foto (em inglês), mas a edição brasileira publicada pela editora Autêntica também é ótima, contando com um posfácio excelente, feito por uma das maiores biógrafas de Virginia Woolf.

Gosta de contos? Pois Virginia Woolf tem vários deles à sua disposição. A arte da brevidade é uma coletânea que, garanto, vai te encantar. O tradutor e estudioso da obra de Woolf, Tomaz Tadeu, reuniu em “A arte da brevidade” cinco contos em formato bilíngue (o que é ótimo também para aqueles que desejam praticar o inglês). 

Aqui, vemos toda a prosa poética de Woolf e seu jeito primoroso com as palavras, seja para descrever um jardim através dos olhos de um caramujo, seja para descrever os pensamentos de uma mulher sobre uma marca misteriosa na parede, ou seja para descrever um homem que descobre verdades sobre seu casamento depois de um evento nada fortuito.

Virginia Woolf foi convidada a dar duas palestras sobre as mulheres e a ficção e, dos textos escritos para tais aparições, saiu este ensaio maior, mais trabalhado, mais expositor do fator “ser mulher dentro da literatura”, que ficou conhecido como Um teto todo seu. 

Acredito que muita gente conheça a autora por esta obra, justamente por ela ter se tornado, de certa forma, um símbolo feminista. É um livro cheio da ironia e do humor característico de Woolf, de palavras certeiras, de pensamentos extremamente pertinentes. Um livro que continua extremamente atual! 

Quer ler apenas uma obra de Virginia Woolf na vida e prefere que seja não ficção? Leia Um teto todo seu e seja feliz!

O clássico dos clássicos não poderia ficar de fora dessa lista, né? Mrs Dalloway é meu livro favorito de Virginia Woolf por tratar não só de assuntos extremamente relevantes, como transtornos mentais e a independência da mulher, mas também pelo misto de melancolia e leveza moldadas pela atmosfera londrina onde, num dia de junho, Clarissa Dalloway decide comprar ela mesma as flores para mais uma de suas festas. 

Quem diria que um único dia na vida de uma pessoa poderia render um romance com tantas camadas? Recomendo não só a leitura, como também a releitura depois de algum tempo. Mrs Dalloway é uma obra que cresce junto com a gente.

Outra coletânea de contos que indico bastante é Segunda ou terça, a única coletânea preparada e publicada pela própria Virginia Woolf em vida. Neste livro, encontramos contos mais experimentais, com a técnica de fluxo de consciência um pouco mais aguçada, contos que nem sempre trazem um enredo explícito, mas que são de uma beleza estonteante. 

O destaque vai para o meu queridinho, Um romance não escrito, que escolhi como objeto de análise sobre metaficção quando me formei na faculdade. O livro na edição brasileira ainda conta com o texto “Ficção moderna”, que ajuda a entender um pouco da arte de Virginia Woolf e os seus objetivos ao escrever esses contos.

Virginia era uma ensaísta de mão cheia. Ao longo dos anos, publicou diversos artigos para jornais falando sobre literatura, resenhando livros e versando sobre assuntos muito pertinentes. Mulheres e ficção é uma reunião de 9 desses artigos publicados ao longo dos anos, alguns dos quais foram os primórdios de Um teto todo seu. 

Para quem gosta de literatura inglesa, vai se deliciar ao ver nomes como Jane Austen em meio às ideias de Woolf e vai provavelmente gostar de saber da opinião de Virginia sobre “Como se deve ler um livro”. Apesar de alguns desses ensaios também estarem em outros livros publicados no Brasil, recomendo a leitura na ordem em que foi proposta aqui pela editora.

Orlando é uma das obras mais aclamadas de Virginia Woolf e com toda razão. Escrita por diversão, digamos assim, Orlando é uma biografia de um personagem fictício, escrita em moldes nada tradicionais. O biografado foi baseado em uma pessoa real – Vita Sackville-West –, mas vai muito além de uma homenagem à amante de Virginia. 

Os elementos fantásticos, as discussões de gênero, as críticas sociais, a ironia incrível de Woolf e muitos outros aspectos fazem de Orlando uma obra-prima verdadeira. Quer conhecer a obra de Woolf por um livro mais diferentão? Então esta é a sua melhor opção. Talvez você saia dela como um novo homem. Ou mulher. O gênero não importa, na verdade.

Virginia Woolf sempre teve pensamentos muito fortes com relação a guerras e os motivos delas, tanto que escreveu até um ensaio inteiro sobre a relação entre o militarismo e o patriarcado, conhecido como Três Guinéus. 

Três Guinéus foi retrabalhado (e resumido) por Woolf para se encaixar em uma publicação estadunidense, e tal ensaio reformulado ganhou o nome de “As mulheres devem chorar... ou se unir contra a guerra”. 

No Brasil, a editora Autêntica reuniu um conto (encontrado também em Segunda ou terça) e outros ensaios que têm o patriarcado como tema comum para tornar o texto todo ainda mais completo e brilhante, mostrando como o pensamento de Woolf foi se formando ao longo da vida até chegar no ápice de Três Guinéus. 

Os pós-textos e o posfácio são complementos maravilhosos para essa obra que recomendo de olhos fechados.

Há algo de mágico neste pequeno grande livro e que merece destaque: o ensaio chamado “Craftsmanship”. Craftsmanship é uma declaração de amor às palavras, à arte de juntá-las e transformá-las em algo belo, um sentimento que escritores e leitores sem dúvidas têm em comum. 

Uma curiosidade: este ensaio marca o único registro da voz de Virginia Woolf, pois foi transmitido pela rádio BBC em 1937. Mas o livro não é especial apenas por isso. 

Em outros ensaios, vemos um certo nível de fluxo de consciência, onde a não ficção se mistura com a narração de momentos e nos leva para dentro da mente da escritora; acompanhamos Virginia enquanto ela versa sobre a importância dos clássicos e também dos contemporâneos para a literatura; e, também, vemos algumas opiniões não tão populares da autora.